sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Histórico de Barreirinha Segundo Dom Arcangelo Cerqua‏



2 – Em 1.689 o Pe. Antonio Fonseca edifica uma boa capela em S.Cruz; mas logo depois resolve transferir a sede habitual “ um pouco mais para cima num formoso outeiro que olhava para um belo e espaçoso lago com bons ares, boa vista e bons mantimentos”.


Vai assim para o lugar de Uaicurapá, chamado hoje de Tauaquera, entre S.Carlos e o Mamuru. Mas a nova sede não esvazia completamente S.Cruz, porque “não houve uma mudança total”. Como tinha permanecido gente na Tupinambarana da beira do Amazonas, da mesma maneira ficou sobrevivendo, embora diminuída, S.Cruz do Andirá. De fato como refere Moraes A.J. de Melo em sua Geografia Histórica etc...”em 1714 se mantinham aldeias domesticas nas enseadas dos Rios Canumã e Andirá”.


3- Com a supressão dos Jesuítas, na segunda metade do século décimo sétimo, também a Missão do Andirá sumiu da história.
Mais tarde, já no início do século décimo oitavo, apareceu novamente “Andirá”, mas já como fazenda de Manuel da Silva LISBOA.
Em seguida fala-se de Andirá como duma espécie de Distrito, sendo seu inspetor o índio Crispim Leão.
Aurélio Andrade (Sinopse histórica do Mun. De Barreirinha, pág. 15 diz ele:
“Vaidoso, prepotente, enfeitiçado pelo cargo, se tornou atrabiliário, sanguinário e verdugo de seu povo”.


Na realidade Aurélio transmite a opinião do Cônego Bernardino de Souza no seu livro “Comissão do Madeira, Pará e Amazonas”.
Citemo-la textualmente:

“No exercício do cargo de diretor dos índios praticou este homem de índole perversa atos de tanta barbaridade, que foi necessário destruí-lo. Não desanimou porém Crispim com essa resolução, e seguindo furtivamente para a Capital, por tal forma iludiu o Governo, que obteve deste brindes para a povoação de índios, cuja existência fantasiou, como recomendações às autoridades de Vila Nova Rainha, para o protegerem e dispensarem consideração.


Contando com elementos tão favoráveis, não parou Crispim Leão nos desatinos, até que envolvendo-se na revolução de 1835 (Cabanagem) pagou com a vida os males que tinha causado.


A última façanha desse mao homem foi o incêndio lançado por suas próprias mãos à nascente povoação do Andirá. Antes porém que a imensa fogueira houvesse desaparecido, morria Crispim Leão atravessado por uma bala.


Neste quadro tão fosco de Crispim é difícil não suspeitar um certo exagero Cônego, traído pela mentalidade interesseira dos invasores das regiões indígenas.
“Iludio” ou convenceu mesmo as autoridades da capital ser vítima, pelo menos em boa parte, de intrigas e ataques injustos?


Quanto ao seu envolvimento na Cabanagem, é bom lembrar que a luta foi encarniçada de ambos os lados; e que afinal do índio havia também o compreensível desespero na defesa da cultura e sobrevivência de seu povo. Acuado pelo poderio branco.
Do Livro Clarões de Fé no Médio Amazonas. Autor:Dom Arcângelo Cerqua.

Um comentário:

Anônimo disse...

esperava fatos mais precisos