Em Andirá pedem-lhe calorosamente um padre; e o atendimento não demora.
Pela Resolução nº76 de 02 de outubro de 1.948, Belém cria a Missão do Andirá, e o bispo a confia ao capuchinho missionário Frei Pedro de Ceriana, nascido na Umbria, Itália a 1º de julho de 1813 e ordenado padre a 26 de outubro de 1835. Tinha sido já missionário em Tonantins, onde construira a igreja.
A respeito da atuação de frei Pedro no Andirá há uma apreciação bastante negativa do Cônego Bernardino de Souza no seu livro “Lembranças e Curiosidades no Vale do Amazonas”.
“Dominado das melhores intenções a favor da Catequese dos índios...
A respeito da atuação de frei Pedro no Andirá há uma apreciação bastante negativa do Cônego Bernardino de Souza no seu livro “Lembranças e Curiosidades no Vale do Amazonas”.
“Dominado das melhores intenções a favor da Catequese dos índios...
O Conselheiro Jeronimo Francisco Coêlho...Julgou dever nomear o capuchinho italiano frei Pedro Cenana para missionar o povo do Rio Andirá, que não havia muitos anos tinha sido vítima das depredações e das vilolências do feroz índio Crispim de Leão. Aquele religioso porém, longe de procurar corresponder a confiança que nele depositara o benemérito administrador, tratou de fazer por assim dizer, do Andirá um Paraguay em miniatura, tendo apenas como único incentivo os interesses particulares...
Afastando para longe os negociantes que giravam por aquelas paragens, não consentia que os índios ainda os mais civilizados, vendessem seus gêneros a outro que não a elle, pondo-se a negociar em larga escala...No fim partiu para a Itália carregado de importante pecúlio...” (Bi..o.c. pag.91).
O Cônego estava mal informado sobre o trabalho e sobre o próprio nome de Frei Pedro de Ceriana, não Cenana. Estava mesmo prevenido pelas insinuações dos comerciantes e brancos de seu convívio.
O Cônego estava mal informado sobre o trabalho e sobre o próprio nome de Frei Pedro de Ceriana, não Cenana. Estava mesmo prevenido pelas insinuações dos comerciantes e brancos de seu convívio.
Querer fazer do Andirá “um Paraguay em miniatura” não é desdouro mas benemerência do padre, que assim queria salvar os direitos e a cultura daqueles índios.
Quanto a sair para “a Itália carregado de pecúlio”, a história não confirma esta calúnia, que aliás ainda hoje é assacada vez ou outra contra algum abnegano missionário vindo de fora, que de fato além de sua vida dá até fortunas à região.
Frei Ceriana saiu do Andirá em fevereiro de 1854, não para a Itália, mas para o Purús, onde a 30 de setembro de 1954 fundou a Missão de São Luiz, o primeiro núcleo organizado naquele rio. E foi lá que adoeceu em 1857, quando doente voltou para a Itália, onde morreu em Foligno a 22 de dezembro de 1888.
Nós acreditamos na palavra insuspeita do Bispo D. José Afonso M. Torres que estivera no Andirá e conhecia o bom frade:
“No lago denominado Andirá existe uma Missão composta de índios Maués, missionada pelo capuchinho frei Pedro de Ceriana, florescente, que tem tido grande aumento, depois que aí se estabeleceu aquele Missionário, que é incansável em seu zelo em fazer prosperar o aldeamento e na proteção que oferece aos índios”. (Voz de Nazaré, 13.08.1978).
Tomei a liberdade de sublinhar as últimas palavras, porque dão a chave das queixas dos comerciantes, impedido de explorar os pobres índios; palavras que explicam a publicidade malévola por eles levantada, e que enganou o cônego.
Nós preferimos ficar com o Bispo.
Do Livro Clarões de Fé no Médio Amazonas. Autor:Dom Arcângelo Cerqua.
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